Um terrível trauma muda a vida de uma garota para sempre
Lily Richardson era bastante jovem quanto experimentou o evento mais traumático de toda sua vida. Seus pais eram divorciados e ela costumava passar os fins de semana com o irmão, o pai e a namorada do pai, Amanda. ''Um homem nos surpreendeu mais tarde, naquela mesma noite.'' Foi o primeiro caso de sequestro em sua cidade. ''Eu tinha apenas 12 anos e morava em Macaé, Rio de Janeiro.''
Aquele fato mudou a vida de Lily para sempre. Ela não podia imaginar o que iria acontecer, uma vez que fora deixada no carro do pai. ''Meu pai tinha levado meu irmão à pediatra. Amanda havia ficado comigo. De repente, um homem abriu a porta, nos ameaçando com um revólver. Eu tentei escapar, mas ele me puxou com força de volta para dentro do carro e trancou a porta. Então nos forçou a dar a partida no carro.''
Ele disse para Amanda continuar dirigindo e obrigou Lily a ir para o porta-malas. ''Eu fiquei presa lá dentro por 12 horas, pensando que ia morrer.'' Ela disse, ainda traumatizada por tudo que aconteceu. ''O sequestro trouxe terríveis consequências para mim.''
Lily ainda foi mantida prisioneira por 24 horas, imaginando quando ele iria matá-la. ''Me sinto melhor quando falo sobre isso.'' Ela continuou '' Ele libertou Amanda e me manteve prisioneira. Durante todo o tempo que eu estive com ele, nunca me deixava olhar para o seu rosto. Ele tentou abusar de mim e apontou-me o revólver diversas vezes.Sempre que o fazia, eu pensava, é isso. Estou morta.''
Enquanto era mantida refém, a família de Lily tentava juntar a enorme quantidade de dinheiro exigida pelo homem. Seus pais pediram ajuda a alguns amigos e trabalharam com a polícia em um plano para a resgatarem. ''Ele foi pego em flagrante.'' A mãe de Lily culpou o ex marido, por tê-la deixado dentro do carro. Durante a investigação, descobriram que o nome dele era Charles, e era um ex marinheiro. ''Ele foi expulso da marinha e estava cheio de dívidas. Também havia sequestrado um casal mais cedo, em outra cidade.'' Questionei Lily sobre como ela se sentiu ao ser salva. ''Quando eu abri a porta do carro do meu pai e fugi, eu pensei, ele não pode mais me machucar, acabou. Estou viva.''
Ao fim de tudo, ela havia ouvido rumores de que Amanda estava envolvida com Charles, mas não haviam provas de seu envolvimento no crime. ''Eu era muito nova, não me lembro dos detalhes. Estava a salvo com a minha família. Ele foi sentenciado a 24 anos em uma prisão da marinha. Depois disso, eu achei que estava tudo acabado. Eu estava redondamente enganada.''
O sequestro foi apenas o começo de sua dramática história. Lily teve sua primeira crise de pânico três anos após o incidente. Sem saber o que estava acontecendo, ela abandonou a escola e permaneceu trancada em casa por 5 anos.''Toda vez que eu ia pra escola, eu ligava pro meu pai e dizia, estou passando mal, vem me buscar.'' Os sintomas eram físicos e horríveis. Eu fui diagnosticada com Síndrome do Pânico quando tinha 19 anos, e foi quando eu comecei o tratamento e voltei para a escola. '' Ela tinha quase 20 anos de idade, estudando numa sala de aula onde os alunos tinham 15 anos. ''Eu tinha medo do que poderiam dizer se soubessem minha idade verdadeira. Sempre menti, é como se tivesse tentando recuperar o tempo que perdi, presa dentro de casa. Acho que por isso me sinto atraída por garotos mais novos.'' Ela ri. ''Eu era chamada de louca e doente. Mas o que dói mesmo é sua própria família não te compreender. Meu pai nunca entendeu. Ele diz que eu uso as crises como desculpa pra não fazer as coisas. Meu irmão falava a mesma coisa, até ele ter sua primeira crise de pânico.'' Lily também nunca perdoou o homem que fez isso com ela '' Tenho que carregar essa doença pra sempre por causa dele.''
Vinte anos depois do sequestro, ela ainda carrega o trauma daquele dia e enfrenta o preconceito das pessoas ''Elas julgam o que não compreendem. Eu sempre serei louca para alguns. Assustei muitas pessoas por causa dos ataques, amigos e namorados. Eles não sabiam lidar com isso. Eu consigo controlar as crises melhor agora, com medicamento e terapia. Voltei pra faculdade, e trabalho, normalmente, na medida do possível. Meu pai entende melhor, e minha mãe está sempre ao meu lado. Fui para Inglaterra pela primeira vez, sozinha. Eu aceito que não existe cura pra isso. E, apesar de ter altos e baixos, finalmente entendo o que eu tenho.''